As lombalgias em contexto laboral são uma situação muito frequente em todo o Mundo e são motivo de grande preocupação nas grandes empresas. Vários fatores de risco quer individuais quer ocupacionais foram associados à dor lombar em diversos estudos, pelo que as entidades patronais devem ter um papel preventivo relevante através da medicina ocupacional. Os principais factores de risco individuais para lombalgia são a obesidade, tabagismo, depressão. Por sua vez as situações laborais que mais se associam a lombalgias são levantamento de cargas verificando-se em estudos que levantar cargas acima de 25 kg e levantar com frequência de 25 levantamentos/dia aumenta a prevalência anual de dor lombar em 4,32 e 3,50%, respectivamente.
Tal como em todos os outros riscos ocupacionais as medidas preventivas devem ter a seguinte ordem :
1. eliminação dos fatores de risco;
2. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva;
3. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho; e
4. adoção de medidas de proteção individual.
Sendo que a medida de proteção individual do trabalhador deve ser sempre a última a considerar para não sobrecarregar o trabalhador no seu período de trabalho.Desta forma sempre que estamos na presença de uma atividade que muito provavelmente pode ser causa de lombalgia é importante tentar eliminar essa mesma atividade, tornando-a automática, modificando o posto ou processo de trabalho. Se tal não for possível o próximo passo serão as medidas administrativas como redução tempo de exposição ou da frequência da realização da atividade, ou até da intensidade da carga.
O uso de cintas lombares em ambientes ocupacionais deriva da expectativa de inúmeros benefícios biomecânicos que juntos poderiam prevenir a ocorrência de dor lombar: redistribuição das forças espinhais durante o levantamento como resultado do aumento da pressão intrabdominal, diminuição da fadiga muscular e tensão biomecânica como resultado de aumento do suporte muscular, diminuição da amplitude de movimento, melhora da postura e sensação de segurança.
No entanto vários estudos verificaram que a cinta lombar não confere, como muitos pensavam, uma medida preventiva para lombalgia. Em 2018 a Associação Nacional de Medicina do Trabalho brasileira, à semelhança de outras organizações internacionais do trabalho emitiu uma directriz concluindo que no seu conjunto as evidências científicas não apresentavam de forma consistente benefício do uso de cintas lombares.
O Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (Niosh), nos Estados Unidos considera inclusivamente que a cinta lombar pode ser considerado um Equipamento de Proteção Individual (EPI) pois não existem dados científicos consolidados de que diminua significativamente a carga biomecânica no tronco durante o manuseio, ou seja, não absorve parte da carga que iria para a coluna. Considera inclusivamente que o seu uso pode ser prejudicial por produzir uma restrição temporária do fluxo cardiovascular, prejudicando a circulação sanguínea.
Tendo em conta os factos científicos referido anteriormente o uso de cintas lombares deve ser reservado a situações laborais muito especificas:
- trabalhadores com lombalgia aguda quando em crise;
- trabalhadores sujeitos a procedimento cirúrgico quando indicado pelo seu cirurgião num período temporal auto-limitado e apenas durante a readaptação à atividade;
- pontualmente e por período autolimitado aquando a realização de uma determinada tarefa.
Quais os Trabalhadores candidatos ao uso de cinta lombar
Os trabalhadores da expedição que realizem atividades laborais em que tenham que assumir a postura de flexão anterior sustentada da coluna lombar com cargas superiores aos 20kg.
Em que condições devem os Trabalhadores usar cintas lombares
Os trabalhadores da expedição, de forma temporária, apenas nos períodos em que estejam a colocar peças superiores aos 20 kg nos recipientes de expedição ou quando a sua atividade exija levantar com frequência de 25 levantamentos/dia a mesma carga.
A implementação do uso de Cintas de Apoio Lombar deverá obedecer á seguinte ordem:
1- Identificar os Postos de Trabalho nos quais se verifica o risco de sobrecarga da coluna lombar e este não pode ser eliminado medidas de protecção coletiva, com medidas administrativas ou de organização do trabalho;
2- Identificar os trabalhadores que em posição continuada de flexão anterior da coluna tenham de levantar cargas superiores aos 20 kg ou realizem mais de 25 levantamentos seguidos num dia
3- Realizar uma formação para os trabalhadores que venham a utilizar as cintas de apoio lombar com as situações em que as cintas devem ser usadas, que o seu uso deve ser pontual e quais os efeitos negativos do uso indiscriminado das cintas
4- Entrega das cintas